Estudos mostram que o aumento de peso leva ao crescimento de hormônios potencialmente cancerígenos, que elevam o risco de desenvolver o tumor. A boa notícia é que essa possibilidade diminui com a mudança no estilo de vida e com o emagrecimento.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que 49.240 mulheres terão incidência de câncer de mama em 2010 no Brasil. Embora o percentual de mulheres que fizeram exames de mamografia tenha se elevado no país entre 2003 e 2008, de 42,5% para 54,8%, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), isso não contribui para diminuir a incidência de casos. Ao que tudo indica, a grande vilã dessa história pode ser a obesidade. É o que afirma Fábio Gomes, analista de Programas Nacionais de Controle do Câncer, do Inca. "Quando o Índice de Massa Corporal (IMC) aumenta, crescem também os níveis de hormônios potencialmente cancerígenos nas mulheres e as chances de elas desenvolverem o câncer de mama", afirma.
O Programa de Controle da Obesidade do Núcleo Mama, iniciativa do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, RS, comprou a ideia e vem acompanhando cerca de 10 mil participantes. O objetivo é monitorá-las por dez anos e comprovar a relação entre obesidade e o mal que aflige as mulheres.
Segundo Gabriela Hermann, nutricionista responsável pelo programa, se o mastologista observa, durante a consulta, um IMC maior que 25, considerado acima do ideal, já encaminha a paciente para o departamento de nutrição, que elabora um plano alimentar correto para que ela perca peso e passa a acompanhar sua evolução a cada mês. "Além de minimizar as chances de desenvolver o câncer de mama, o emagrecimento melhora a saúde da mulher como um todo e devolve sua autoestima", considera Gabriela.
Outros fatores de risco são o sedentarismo, o tabaco e o álcool. Fábio Gomes explica que deixar de fazer uso do cigarro e da bebida, praticar atividade física regularmente e ingerir uma grande quantidade de frutas, legumes e verduras podem reduzir em até 50% a incidência do câncer. "Os vegetais são importantes porque grande parte deles possui substâncias, chamadas de citoquímicos quimiopreventivos, que atuam contra o desenvolvimento de alguns tipos da doença, entre eles o de mama", avisa.
A prevenção está no cardápio
De acordo com o analista do Instituto Nacional do Câncer, alguns alimentos já são considerados como ótimos aliados na prevenção do câncer de mama.
O chá verde e a uva, por exemplo, contêm flavonóides capazes de suprimir o crescimento desordenado das células que podem dar origem ao tumor. Já a quercetina, presente na alface e na maçã, é chamada de proteína de resistência ao câncer de mama porque consegue dissolver os agentes cancerígenos.
- O feijão preto é outro rico alimento. Pesquisas identificaram cerca de 24 compostos anticancerígenos que regulam a proliferação das células com má formação. É como se esses nutrientes trabalhassem programando tais células para morrer.
- Outra substância importante é a antocianina. Ela está presente nas frutas vermelhas, que contêm alto potencial químico preventivo.
- Há ainda o isotiocianato, encontrado em vegetais como brócolis, repolho e agrião. Ele é ativado durante a mastigação, reduzindo a capacidade invasiva das células cancerígenas na mama. Nesse caso, Gomes dá uma dica essencial: não se deve cortar esses vegetais com objetos de metal para não perder o efeito protetor do isotiocianato. O ideal é utilizar objetos plásticos ou as próprias mãos durante a preparação.
Gomes ressalta, no entanto, que focar a alimentação em um ou dois tipos de verduras não tem valor nenhum. Todos esses compostos, segundo ele,não funcionam sozinhos e só atuam em parceria. "A variedade da alimentação aumenta o potencial do nosso organismo de se proteger contra o aparecimento da doença", conclui o analista.
Os cuidados começam na gravidez Uma gestação saudável já é o primeiro passo para se evitar vários problemas de saúde, incluindo o câncer de mama. É fundamental ensinar as crianças a comer alimentos naturais, oferecer a elas refeições mais variadas e coloridas. No entanto, o período que requer mais atenção é a adolescência, pois é nesse momento que ocorre a multiplicação das células de gordura. Já na fase adulta, as mulheres que ainda não tiveram filhos precisam ter em mente a importância da amamentação. Durante o primeiro ano de vida dos filhos, amamentar significa reduzir substancialmente o risco do surgimento de um tumor na mama. Abandonar hábitos de vida perigosos já auxilia, e muito, na prevenção do tumor malígno, mas os exames físico e mamográfico são fundamentais e devem ser feitos periodicamente para o diagnóstico precoce, o tratamento e a cura.